A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta um novo aumento da violência, com o distrito de Chiúre no centro de uma situação que se mantém crítica. Após semanas de ataques terroristas, a população continua a fugir e a vida normal é interrompida pela insegurança.

Segundo o presidente do município de Chiúre, Alicora Ntutunha, os ataques mais recentes, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, têm provocado um êxodo de populações. O autarca, que participou da 14ª reunião das autarquias locais em Maputo, descreveu um cenário de constante medo, com os insurgentes a operar em distritos vizinhos, como Ancuabe, o que impede a população de ter paz.

“A gente fica um pouco sossegado quando ouvimos que, pelo menos, já está naquelas zonas lá para Macomia, Mocímboa da Praia. É quando a nossa população e mesmo nós conseguimos apanhar sono”, admitiu Ntutunha.

A violência em Chiúre já resultou em mais de 50 mil deslocados, de acordo com estimativas de organizações humanitárias internacionais. Na vila-sede, milhares de pessoas precisam de ajuda urgente. Apesar de o autarca referir que 70% da população já regressou às suas zonas de origem, a situação permanece instável.

O setor da educação é um dos mais afetados. Dados das autoridades de Cabo Delgado revelam que, do total de 1.015 escolas, pelo menos 161 estão fechadas em vários distritos. Chiúre é o mais atingido, com 47 escolas encerradas, seguido por Macomia (36), Mocímboa da Praia (21) e Quissanga (12).

O recrudescimento da violência é motivo de grande preocupação para o governo moçambicano. No final do mês passado, o Ministro da Defesa Nacional reconheceu a gravidade da situação, confirmando o aumento dos ataques na região. A instabilidade em Chiúre e nos distritos vizinhos continua a desafiar a segurança e a resposta humanitária, exigindo esforços contínuos para proteger a população e restaurar a normalidade na província.

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