Kinshasa – A República Democrática do Congo (RDC) volta a ocupar o centro da cena política e diplomática africana com a recente proposta de acordo de paz apresentada ao movimento rebelde M23-AFC. Este movimento, ativo sobretudo no Leste congolês, tem sido responsável por confrontos que fragilizam a segurança da região e causam deslocamentos massivos de civis.
Nos últimos dias, autoridades congolesas e mediadores regionais intensificaram os contactos para estabelecer um quadro formal de negociações. A proposta, segundo fontes diplomáticas, inclui três eixos principais: cessar-fogo imediato, integração de parte dos combatentes às Forças Armadas da RDC (FARDC) e um programa de reinserção comunitária supervisionado pela comunidade internacional.
O Desafio Humanitário
O conflito com o M23-AFC já provocou centenas de milhares de deslocados internos, agravando a crise humanitária em províncias como Kivu do Norte e Ituri. Organizações humanitárias têm alertado que a falta de segurança dificulta o acesso a comunidades isoladas, onde escasseiam alimentos, medicamentos e abrigo. A comunidade internacional insiste que qualquer acordo de paz deve priorizar a proteção das populações civis.
Apoio e Pressões Regionais
O processo de paz não acontece em isolamento. Países vizinhos e a Comunidade da África Oriental (EAC) acompanham de perto as negociações. Kigali, Kampala e Bujumbura já manifestaram interesse em apoiar um processo que estabilize definitivamente o Leste congolês, embora persistam divergências sobre a neutralização de grupos armados e a gestão das fronteiras.
Ao mesmo tempo, a União Africana e as Nações Unidas continuam a pressionar Kinshasa e o M23-AFC a assumirem compromissos sérios que conduzam a uma paz duradoura. Diplomatas destacam que, sem mecanismos claros de monitorização, os riscos de reincidência de hostilidades permanecem elevados.
Expectativas da População
Entre os cidadãos congoleses, sobretudo nas regiões mais afetadas, a expectativa é de que este acordo não seja apenas mais um compromisso de papel, mas um passo real rumo à paz. O sentimento é de cansaço diante de negociações que, ao longo de décadas, raramente conseguiram consolidar uma estabilidade efetiva.