A Etiópia celebrou recentemente a inauguração da Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), a maior barragem do continente africano, construída no rio Nilo Azul, perto da fronteira com o Sudão. A cerimónia, realizada no dia 9 de setembro, contou com a presença de líderes regionais e do presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, e foi um momento de grande orgulho nacional. O projeto, que custou 4 mil milhões de dólares, é visto como um símbolo de soberania, unidade e autodeterminação para o país e para toda a África.

​Um dos aspectos mais notáveis da GERD é o seu modelo de financiamento. Para sublinhar a sua auto-suficiência e evitar a dependência de ajuda externa, o governo etíope decidiu financiar o projeto inteiramente com recursos nacionais. O dinheiro veio da venda de títulos do governo, doações privadas e contribuições de cidadãos etíopes, tanto os que vivem no país como na diáspora.

​Essa abordagem não só tornou a barragem um poderoso símbolo de determinação, mas também deu aos etíopes um sentido de propriedade e orgulho pelo projeto, conforme destacado pela Agência de Notícias da Etiópia (ENA).

​Com 170 metros de altura e quase dois quilómetros de extensão, a GERD terá capacidade para armazenar 74 mil milhões de metros cúbicos de água e gerar 5.150 megawatts de eletricidade, o que é mais do que o dobro da capacidade atual do país.

​A energia produzida pela barragem é fundamental para a Etiópia, onde 45% dos seus 130 milhões de habitantes não têm acesso à eletricidade. A esperança é que a GERD leve energia a milhões de pessoas pela primeira vez, melhorando a sua qualidade de vida e impulsionando a industrialização, a agricultura e outros setores da economia.

​Além de atender às necessidades internas, a Etiópia planeia exportar o excedente de energia para países vizinhos como Sudão, Djibouti, Quénia e Sudão do Sul. Isso deve fortalecer a segurança energética regional e promover uma maior cooperação e interdependência económica, alinhando-se com iniciativas como o Grupo de Energia da África Oriental (EAPP) e a Zona de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA).

​O Primeiro-Ministro Abiy Ahmed comparou a inauguração da barragem com a vitória de Adwa em 1896, quando o exército etíope derrotou as forças italianas. No seu discurso, ele afirmou que a GERD marca o fim de uma era de “mendicidade” e o início de uma nova era de prosperidade abrangente para o país.

​Ele destacou que o reservatório, chamado de Nigat (amanhecer), trouxe consigo uma riqueza superior ao atual Produto Interno Bruto (PIB) da Etiópia, consolidando o projeto como um marco de auto-suficiência e progresso para toda a nação.

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