A África do Sul e a China lançaram uma iniciativa para promover investimentos chineses em sectores como mineração, energia e infra-estrutura no país africano, durante o lançamento da sua nona conferência anual de promoção comercial, informou a Reuters.
A África do Sul, que não tinha tarifas de importação dos Estados Unidos da América (EUA) sobre os seus produtos ao abrigo da Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), enfrenta agora tarifas de 30% sob a Administração Trump, embora esteja em negociações para buscar um acordo melhor.
O presidente da Associação Económica e Comercial África do Sul-China, Zhang Chaoyang, anunciou terça-feira que a Gold One – mineradora de ouro – propriedade de uma empresa estatal chinesa, a Baiyin Nonferrous Group Company Ltd., vai investir 230 milhões de dólares nas suas operações de mineração de ouro na provincia de Gauteng.
Além disso, o Fundo de Desenvolvimento China-África irá licitar projectos independentes de transição energética da África do Sul, com o objectivo de aumentar a capacidade eléctrica através do investimento do sector privado. Entretanto, empresas como a China State Construction estão preparadas para aumentar as aquisições locais, segundo Chaoyang.
Por sua vez, o vice-ministro do Comércio da África do Sul, Zuko Godlimpi, sublinhou o foco de Pretória nos investimentos chineses na indústria transformadora, serviços, transição energética e infra-estruturas, considerando a parceria uma oportunidade para forjar “um futuro mutuamente benéfico”.
Empresas chinesas como Hisense, BAIC, Sinosteel, Faw e Seraphim Solar já têm uma forte presença de investimentos na África do Sul, a economia mais industrializada do continente. Dados oficiais mostram que o investimento directo chinês no país africano foi de 13,21 mil milhões de dólares em 2024, enquanto os investimentos sul-africanos no país asiático totalizaram 8,05 mil milhões de dólares.
Os minerais representam 93% das exportações da África do Sul para a China, enquanto 92% das exportações chinesas para a África do Sul são produtos manufacturados. Ambos os países expressaram o desejo de reequilibrar esse padrão.
Entretanto, o embaixador chinês Wu Peng salientou que as empresas chinesas irão acelerar os esforços de localização: “Se você realmente quer cuidar dos seus interesses a longo prazo, deve investir na África do Sul”, frisou, instando as montadoras chinesas a acelerarem o desenvolvimento de fábricas.
No início deste ano, Pequim prometeu expandir o tratamento de tarifa zero para todos os 53 países africanos com laços com a China. Peng adiantou que mais de 30 nações já assinaram acordos-quadro.