Moçambique pediu reforço da cooperação técnica e promoção de investigação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para os Estados-membros enfrentarem os desafios inerentes à transição energética e das alterações climáticas.

“No domínio da energia e do clima, a CPLP tem o potencial de se afirmar como uma plataforma de partilha de conhecimento, mobilização de recursos e desenvolvimento de soluções conjuntas. Para tal, precisamos reforçar a cooperação técnica entre as nossas instituições energéticas, promover a investigação e a formação de quadros e criar condições para o investimento cruzado entre os países da comunidade”, disse a directora Nacional de Energia, Marcelina Matavele.

A responsável falava na abertura da Semana de Energia e Clima na CPLP, que decorre até sexta-feira em Maputo, reunindo representantes governamentais, reguladores, financiadores, empresas, especialistas na área de energia e clima, com a organização a apontar para a presença de 29 oradores, representantes de nove países lusófonos e 120 participantes.

Na intervenção, Marcelina Matavele pediu aos países da CPLP prioridade à interconexão energética, a digitalização dos sistemas e a promoção de energias renováveis descentralizadas, referindo que são o caminho para uma transição energética sustentável e que inclui a protecção do meio ambiente.

“Acreditamos firmemente que, através da solidariedade e da cooperação lusófona, poderemos enfrentar os desafios da transição energética e das alterações climáticas com mais força e determinação”, disse a directora nacional de Energia.

Concretamente para o sector de energia, Moçambique está a melhorar o quadro legal e abertura de espaços para atrair financiamentos neste sector, com o objectivo de o país ter acesso universal da energia até 2030, adiantou a governante.

Para isso, Moçambique também está a avançar com a electrificação através da energia fora da rede.
“É uma solução muito importante e nos últimos anos tem estado a crescer cada vez mais a participação dessas soluções e que são essencialmente de energias renováveis”, disse Marcelina Matavele, referindo que a participação desse segmento é de 10% no universo de 62% da taxa de acesso de energia no país.

Moçambique é considerado um dos países mais vulneráveis e severamente afectados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa.

Também o director Nacional do Gabinete do Financiamento Climático do Ministério de Planificação e Desenvolvimento, Albano Manjate, disse que o clima e energia são cruciais para o desenvolvimento sustentável das economias dos países da CPLP, pedindo colaboração lusófona na busca de financiamentos.

“O clima tem estado a afectar o ambiente, mas também a economia e a sociedade e constitui uma das grandes ameaças à nossa existência”, disse Albano Manjate, pedindo a acção coordenada na CPLP no acesso a financiamentos, face a “barreiras” existentes.

“Nesta vertente de dar respostas às questões climáticas, o sector energético é estratégico e deve beneficiar do maior volume de financiamento para que a nossa economia seja de baixo carbono”, acrescentou director Manjate.

Moçambique registou, de 2000 a 2023, mais de 75 eventos climáticos extremos, causando perdas económicas superiores a 3,8 mil milhões de euros, colocando o país entre os 10 mais vulneráveis do mundo, avançou este mês o Governo.

O Governo moçambicano aprovou na semana passada o plano de contingência para a época chuvosa 2025/2026, que admite poder afectar 1,2 milhões de pessoas, mas tem menos de metade dos 14 mil milhões de meticais (190 milhões de euros) necessários.

As autoridades moçambicanas alertaram, em Setembro, para cheias de “grande magnitude” no país e inundações em pelo menos quatro milhões de hectares agrícolas durante a época das chuvas que se iniciou em Outubro, em Moçambique.

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