Em um movimento que marca uma reorientação drástica da política externa americana, o governo do presidente Donald Trump anunciou o encerramento definitivo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Criada em 1961 e por décadas considerada a maior distribuidora de ajuda humanitária do mundo, a agência teve suas operações encerradas oficialmente esta noite, com o Departamento de Estado assumindo a gestão total de toda a assistência internacional dos EUA.
O desmantelamento da USAID, que vinha sendo processado desde fevereiro em meio a cortes nas despesas públicas promovidos pelo empresário Elon Musk, culmina em uma decisão criticada por especialistas e organizações internacionais.
Em comunicado, o Secretário de Estado, Marco Rubio, justificou a medida, afirmando que a USAID não cumpriu seus objectivos desde o fim da Guerra Fria e que teria criado uma rede de organizações não-governamentais (ONG) que viviam “à custa dos contribuintes americanos”. “Esta era de ineficiência chegou oficialmente ao fim. Sob a administração Trump, finalmente teremos uma ajuda externa que prioriza os nossos interesses nacionais”, frisou Rubio. Acrescentou ainda que os cidadãos norte-americanos “não devem pagar impostos para financiar governos falidos em países distantes” e prometeu que, a partir de agora, “a ajuda será direcionada e limitada no tempo”.
O processo de encerramento resultou em uma redução drástica do pessoal da agência. Dos aproximadamente 10.000 funcionários e contratados em Washington e escritórios globais, apenas 294 permanecerão para operações mínimas.
A decisão foi recebida com forte oposição por especialistas em ajuda humanitária e organizações internacionais, que alertam para a formação de uma lacuna significativa em programas de saúde, educação e resposta a crises humanitárias. Em raras críticas conjuntas ao governo Trump, os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush se manifestaram na segunda-feira.
A USAID foi estabelecida em 1961 pelo presidente John F. Kennedy com o propósito de canalizar a ajuda externa americana para o desenvolvimento e a assistência humanitária. Contudo, ao longo de sua história, a agência também foi alvo de críticas por supostamente usar a ajuda como ferramenta de influência política, favorecendo os interesses estratégicos de Washington em detrimento das necessidades locais.