A Google vai reforçar a sua aposta em África com a construção de quatro centros de conectividade submarina, localizados estrategicamente no Norte, Sul, Leste e Oeste do continente.
O projecto integra o programa Africa Connect (iniciativa financiada pela União Europeia, com o objectivo de criar redes de Internet de alta capacidade para pesquisa e educação em toda a África) e representa um investimento decisivo para acelerar a transformação digital africana. O objectivo é claro: mais conectividade, custos mais baixos e maior capacidade para inovação.
A gigante tecnológica já tem presença no sector. O cabo Equiano percorre a costa ocidental e o Umoja (sistema de cabos submarinos que conecta África e Austrália) vai ligar África à Ásia por rotas terrestres e submarinas. Agora, a aposta ganha nova dimensão: em vez de pontos de amarração isolados, a Google quer criar verdadeiros nós digitais que interliguem vários países e regiões.
A aposta chega num momento em que a adopção da Inteligência Artificial (IA) cresce em todo o continente. Estes pólos de interconexão vão reduzir a latência, aumentar a fiabilidade e expandir a largura de banda — elementos essenciais para aplicar a IA em áreas como saúde, finanças, agricultura e educação.
Governos e empresas poderão contar com ferramentas mais rápidas para comércio, logística e serviços públicos digitais. Para os cidadãos, a promessa é Internet mais barata, mais plataformas disponíveis e inclusão para zonas rurais e comunidades até agora excluídas.
A Google não revelou o valor do investimento, apenas que faz parte do compromisso multibilionário do Africa Connect. A conclusão destes pontos de interligação está prevista para os próximos três anos, mas os locais exactos e os parceiros locais ainda não foram confirmados.
Está garantido, no entanto, que a rede se ligará a cabos já existentes e futuros, reforçando o papel de África nos fluxos globais de dados.
Os riscos são conhecidos: atrasos provocados por burocracia, custos elevados e falta de coordenação regional. Além disso, a chamada “última milha” — levar a Internet até ao utilizador final — dependerá de políticas nacionais, operadores e investimento em redes terrestres.
Apesar dos obstáculos, a tendência é clara. África deixa de ser apenas consumidora para assumir-se como um nó activo da conectividade global.
Se tudo correr como planeado, o continente dará um salto histórico. África poderá afirmar-se não só como um dos mercados digitais com maior crescimento, mas também como ponte essencial de ligação entre continentes.