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Palanca Negra Gigante sobre ameaçadas de extinção

O coordenador do projecto de conservação da Fundação Kissama, Pedro Vaz Pinto, alertou que a caça furtiva constitui uma ameaça imediata a sobrevivência da Palanca Negra Gigante.

Falando na cerimónia de comemoração dos 30 anos de existência do projecto, realizada quinta-feira, em Luanda, adiantou que a espécie rara no mundo e só existente em Angola, continua na lista das criticamente ameaçadas de extinção, devido a frequência da caça furtiva.

Sublinhou que nada é mais preocupante do que a caça furtiva, revelando que um em cada quatro animais imobilizados pelos biólogos apresenta ferimentos causados por armadilhas.

Pedro Vaz Pinto disse que actualmente existem cerca de 300 animais, um número considerado alarmantemente baixo, em comparação com os milhares que existiam há 50 anos.

Salientou que, embora haja sinais de recuperação no número de espécies, a Palanca Negra Gigante continua a figurar na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, como estando “criticamente em perigo”.

Deu a conhecer que só quando a população de animais atingir cerca de 500 exemplares será possível sair da categoria de “criticamente em perigo” para “em perigo”, nos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza, facto que deverá levar pelo menos mais cinco a 10 anos a ocorrer.

Recordou que a fiscalização de áreas protegidas, como o Parque Nacional da Cangandala e a Reserva Natural Integral do Luando está a cargo do Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação, sob tutela do Ministério do Ambiente, com cerca de 50 fiscais.

O coordenador do projecto lamentou não haver consequências jurídicas efectivas contra os caçadores furtivos, reconhecendo que capturá-los em flagrante continua a ser uma tarefa difícil, porque o tráfico da carne da palanca, em forma de carne seca, realiza-se com discrição alimentando o mercado urbano, sobretudo em cidades como Malanje.

Recorde-se que a Palanca Negra Gigante só existe em duas áreas de Angola, na província de Malanje, designadamente o Parque Nacional de Cangandala e a Reserva Natural Integrada do Luando.

A Fundação Kissama é uma organização não governamental, criada em 1995, para a promoção da defesa, protecção e conservação da fauna e flora angolanas, estando ligada ao projecto de conservação da Palanca Negra Gigante, descoberta em 1916.

Por seu lado, a secretária de Estado para a Ciência, Tecnologia e Inovação, Alice de Ceita e Almeida, defendeu o reforço da formação especializada em biodiversidade e o aumento dos postos de fiscalização ambiental, assim como a capacitação dos guardas florestais e a intensificação da educação ambiental.

Alice de Ceita e Almeida discursava na conferência alusiva aos 30 anos da Fundação Kissama, que decorreu de 18 a 19 do corrente mês, em Luanda, com participação de investigadores, académicos, ambientalistas e estudantes, que debateram temas ligados aos desafios e soluções para a conservação da biodiversidade.

Defendeu ser preciso investir na formação, protecção dos ecossistemas com fiscalização eficaz e educação da sociedade sobre a importância da biodiversidade, reconhecendo que a complexidade do ecossistema angolano exige uma abordagem científica e integrada, assente em políticas públicas robustas e acção concertada entre Governo, instituições académicas e comunidades locais.

Salientou o trabalho desenvolvido pela fundação no Parque Nacional da Kissama, sublinhando que a mesma é um exemplo de compromisso com a conservação.

Realçou que Angola possui ecossistemas únicos, com um valor inestimável para o equilíbrio do planeta, pelo que a sua preservação depende do conhecimento, acção e responsabilidade colectiva.

voja24 .

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